07/04/2009

Estava eu, quase a roçar no entusiasmo a pensar qual seria a primeira contribuição que a minha personna faria neste apreciado blog, lido à escala mundial - apesar de só ontem ter sido "desflorado" (o blog, que eu ainda sou pessoa casta e pura). Ainda pensei em comentar o coming out dessa grande diva do panorama social televisivo português que é @ Vitor de Sousa - mas pareceu-me tão pouco queer, tão yesterday news, tão "o que é que pretendes com isso Vitó?" que literalmente resolvi cagar na ideia. Não obstante, não posso deixar de sorrir de ironia quando a querida, ainda a medo e mui moderada - como se quer - diz "Se ser homossexual é gostar do belo, homem ou mulher, então sou homossexual". Good for you, sister!
Há tanta coisa que me aborrece numa única frase que passarei à frente fingindo que não tropecei nesta informação hoje de manhã enquanto tomava o meu café pingado (com LSD, obviously).



Ontem revi um dos melhores filmes portugueses de que há memória (e eu tenho-a em estado algo precarizado) e apeteceu-me falar sobre isso. "O fantasma", do João Pedro Rodrigues - que apesar de tudo me dá sempre a ideia de, por cá, ter passado bastante ao lado (ainda nomearam o Ricardo Meneses para Globo de Outro... hm...) mesmo tendo ganho o prémio de best feature no New York Gay & Lesbian Film Festival e de best foreing film no Entrevues Film Festival. E gosto porquê? Porque me agrada a forma como a narrativa é construída, mesmo que em algumas partes hajam passagens abruptas em termos de transição cronológica da "coisa". Agrada-me a incursão psicológica que o filme faz pelas obssessões, desejos, sentimentos, incompletudes e vazios da personagem, de forma totalmente honesta, e crua, reflectida e não necessariamente analisada. E, é também por isto que penso que os escassos diálogos lhe bastam...até podia não ter nenhum e a mensagem conseguia passar na mesma. É onírico e metafórico, explora as fantasias e coloca tom na suposta dialética homem/animal. Questiona, a meu ver, o papel dos afectos e repressões associados à regressão (ou progressão?) de um estado hierarquicamente superior a outro - mais animalesco. É esteticamente *dark* e apelativo. E ainda, o "João", objecto de desejo obsessivo da personagem principal - sérgio, é um tesudo de primeira apanha.

PEEK-A-BOO AT THE TRAILER


Yours truly,

Black She-Male.

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